Cristo Pantocrator

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O oitavo estágio da contemplação

continuação do post anterior

O oitavo estágio da contemplação

Através do oitavo estágio da contemplação nós somos conduzidos mais além, para a visão do que pertence a Deus por meio do segundo tipo de oração, a pura oração, própria ao contemplativo. O intelecto é tomado durante a oração por um desejo divino, e ele não sabe mais nada deste mundo, como confirmam tanto Máximo Confessor quanto São João Damaskos. Não apenas o intelecto esquece todas as coisas, mas também esquece a si mesmo. Evágrio diz que contato que o intelecto seja consciente de si mesmo, ele permanece, não em Deus apenas, mas também em si mesmo. De acordo com São Máximo, é apenas quando ele permanece em Deus que lhe é permitido visão direta do que pertence a Deus e, através da habitação do Espírito Santo, torna-se em verdadeiro sentido um teólogo. (Sobre a Teologia, Filocalia, vol. II)

Em nossa ignorância, porém, nós não podemos identificar Deus em si mesmo com Seus divinos atributos, tais como Sua bondade, beneficência, justiça, santidade, luz, fogo, ser, natureza, poder, sabedoria e outras das quais São Dionísio Aeropagita fala. (Os Nomes Divinos I, 6). Deus em Si Mesmo não está entre nenhuma das coisas que o intelecto é capaz de definir, pois Ele é indeterminado e indeterminável. Na teologia nós podemos falar sobre os atributos de Deus mas não sobre Deus em si mesmo, como São Dionísio explica a São Timóteo, invocando São Hieroteos como testemunha (Os Nomes Divinos II, 10).  É de fato mais correto falar de Deus em Si mesmo como inescrutável, impenetrável, inexplicável, como tudo que é impossível definir. Pois Ele está além da intelecção e do pensamento, e é conhecido apenas em Si mesmo, um Deus em três hipóstases, não originado, sem fim, além da bondade, acima de todo louvor. Tudo o que é dito de Deus nas Sagradas Escrituras é dito com este sentido de nossa inadequação, que, embora nós possamos saber que Deus é, nós não podemos saber o que Ele é; pois em Si mesmo Ele é incompreensível a todo ser dotado com intelecto e razão.

O mesmo se aplica à encarnação do Filho de Deus e à união hipostática, como diz São Cirilo. Nós podemos apenas nos maravilhar do modo em que a carne por Ele assumida é retomada de Sua divindade, como São Basílio, o Grande, afirma. A união é como fogo e ferro, e é a partir deste exemplar que devemos conceber as duas naturezas singulares na pessoa de Cristo. Como São João Damascos diz em seu hino à Mãe de Deus: "Oh mais Santa Senhora, deste nascimento ao Deus encarnado como uma hipóstase em duas naturezas; e a Ele nós todos cantamos: bendito sois Vós, oh Deus"(Paraklitiks, Tono 5). E novamente: "Sem mudança, Ele está além das determinações que existiam em ti, toda santa Senhora, unido hipostaticamente à nossa carne; pois Ele é compassivo e Ele é sozinho bendito". (Paraklitiks, Tono 5).

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