Cristo Pantocrator

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A boa ira

São Isaías, o solitário

Sobre a guarda do intelecto
“Há entre as paixões uma ira do intelecto, e esta ira está de acordo com a natureza. Sem a ira o homem não pode obter a pureza: ele tem de se sentir irado com tudo o que é semeado pelo inimigo. Quando Jó sentiu essa ira ele injuriou seus inimigos, chamando-os ‘homens desonráveis sem nenhuma reputação, a quem falta tudo de bom, a quem eu não deixaria viver com os cães que guardam meu rebanho’ (Jo 30, 1). Aquele que deseja adquirir a ira que está de acordo com a Natureza deve extirpar toda a sua vontade própria, até que ele estabeleça em si mesmo a guarda natural do intelecto.
Se você se encontra odiando seu irmão e resiste a este ódio, e você vê que este ódio se enfraquece e até se retira, cuidado para não se regozijar, pois pode ser uma armadilha do inimigo. Eles estão se preparando para um ataque pior do que o primeiro; eles deixam suas tropas escondidas na cidade ordenando-os a permanecerem lá. Se você sai para atacá-los eles fugirão antes que você se enfraqueça. Mas se seu coração se exulta porque você crê ter vencido, os que estavam ocultos vão te atacar enquanto outros permanecerão diante de ti, e sua alma miserável vai ficar sem meios de defesa sem meios de se escapar. A cidade é a oração. A resistência é a repulsa ao mal através de Cristo Jesus. O fundamento é o poder do fervor.
Esteja firme no amor a Deus, rigorosamente praticando as virtudes e não concedendo à nossa consciência causa de tropeço. No temor de Deus manteremos nossa atenção fixado em nós mesmos, até que nossa consciência alcance a sua liberdade. Então haverá uma união entre Ele e nós e Ele será nosso guardião, mostrando-nos o que temos de fazer em cada caso. Mas se não obedecemos nossa consciência, ela nos abandonará e cairemos nas mãos dos inimigos, que não nos deixarão. Isto foi o que Nosso Senhor quis dizer quando ensinou: ‘Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão’. (Mateus 5, 25). A consciência é chamada de ‘adversário’ porque ela se opõe a nós quando queremos realizar nossos desejos; e se não ouvimos nossa consciência, ela nos deixa nas mãos de nossos inimigos”