Cristo Pantocrator

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

As quatro virtudes da alma

Continuação do Post anterior.
Páginas 100 a 101

As quatro virtudes da alma

Há quatro formas de sabedoria: primeiro, o julgamento moral ou o conhecimento do que pode e do que não pode ser feito, combinado com atenção do intelecto; em segundo lugar, autodomínio, por meio da qual nossa proposta moral é salvaguardada e mantida livre de todos os atos, pensamentos e palavras que não estejam de acordo com Deus; em terceiro lugar, coragem, ou força e paciência no sofrimento, provações e tentações encontradas no caminho espiritual; e quarto justiça, que consiste em manter uma balança própria entre os três primeiros. Estas quatro virtudes gerais surgem dos três poderes da alma da seguinte maneira: da inteligência, ou intelecto, vem do julgamento moral e da justiça, ou discernimento; do poder desejante vem o autodomínio e do poder apetitivo vem a coragem.

Cada virtude repousa entre duas paixões não naturais. O julgamento moral repousa entre a astúcia e a irreflexão; autodomínio, entre obstinação e licenciosidade; a coragem entre a arrogância e a covardia; a justiça entre a super-frugalidade e a ganância. As quatro virtudes constituem uma imagem do homem celeste, enquanto as oito paixões não naturais constituem uma imagem do homem terreno (cf. I Cor. 15:49).

Deus possui um conhecimento perfeito de todas estas coisas, como Ele conhece o passado, o presente e o futuro; e eles são conhecidos até certo ponto por aqueles que através da Graça se tornaram imagem e semelhança de Deus (cf. Genesis 1:26). Mas se alguém afirma que, simplesmente por ouvir acerca destas coisas, ele conhece como deveria, ele é um mentiroso. O intelecto de um homem nunca pode ascender ao céu sem Deus como guia; e não pode falar do que não foi visto, mas deve primeiro ascender a ele e vê-lo. No nível do ouvir dizer, nós devemos falar apenas das coisas que aprendemos das Escrituras, e então com circunspecção, confessando sua fé no Pai do Logos, como coloca São Basílio o Grande, e não imaginando que pelo ouvir dizer se possua conhecimento espiritual, pois isto é ser pior do que um ignorante. Como disse São Máximo, "Pensar que se conhece nos previne de avançar no conhecimento" (Sobre o amor III, 8). São João Crisóstomo aponta que há um ignorante digno de louvor: consiste naquele que reconhece conscientemente que não se sabe nada. Em adição, há uma forma de ignorante que é pior do que qualquer outro: não saber que não se sabe. Similarmente há algo falsamente chamado de conhecimento, o qual ocorre quando, como diz São Paulo, alguém pensa que sabe o que não sabe (cf. I Cor. 8:2)