Esse blog pretende divulgar traduções de textos em grego, francês, inglês e espanhol, com o intuito de divulgar o pensamento bizantino. Pretende-se com isso ajudar os estudantes de filosofia e teologia a saber diferenciar as nuances do cristianismo oriental, bem como a orientar a todos os que anseiam por espiritualidade profunda a conhecer as obras dos Padres da Filocalia. Antes de rejeitar o cristianismo, é preciso conhecê-lo. Impossível rejeitá-lo, depois disso.
Também de São Pedro de Damasco.
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Páginas 173 a 175.
Como Deus fez todas as coisas para nosso benefício Deus fez todas as coisas para nosso benefício. Somos educados e guardados pelos anjos; somos tentados pelos demônios para que aprendamos a humildade e não deixemos de recorrer ao auxílio indispensável de Deus, salvando-nos da auto louvação e livrando-nos de nossa negligência. Por outro lado, somos levados a dar graças ao Nosso Benfeitor através das coisas boas deste mundo as quais sublinho a saúde, a prosperidade, o vigor físico, o descanso, a alegria, o conhecimento espiritual, a riqueza, o progresso em todas as coisas, uma vida em paz, o gozo das honras, da autoridade, a abundância e todas as outras supostas bençãos desta vida. Somos levados a amá-Lo e a fazer o bem que pudermos, porque sentimos uma obrigação natural a recompensá-Lo por Seus dons dispensados a nós para realizarmos boas obras. Claro que é impossível recompensá-Lo, pois nosso débito cresce cada vez mais. Por outro lado, por aquilo que consideramos prejuízo, obtemos um estado de paciência, humildade, esperança de bençãos na era que virá, e o que eu chamo de "prejuízos" quero dizer doença, desconforto, tribulação, fraqueza, aflição não procurada, trevas, ignorância, pobreza, infelicidade geral, medo da perda, desonra, aflição, indigência, e por ai vai. De fato, não apenas para a era que virá mas mesmo para a vida presente, tais coisas são fonte de grandes bençãos para nós.
Assim, Deus em sua bondade indizível, providenciou todas as coisas de um modo maravilhoso para nós; e se você que entender isso e ser como deve ser, esforce-se em adquirir as virtudes que o capacitarão a ser grato a tudo o que vier e a permanecer não perturbado em todas as coisas, sendo elas boas ou más. E mesmo quando os demônios sugerem algum pensamento que nos infle de orgulho e nos conduza a auto louvação, lembre-se das coisas vergonhosas que eles lhe disseram no passado, rejeite tais pensamentos e torne-se humilde. E novamente, quando eles sugerirem a você alguma coisa vergonhosa, você deve ficar atento ao que provoca pensamentos orgulhosos e com isso rejeitar novas sugestões. Assim, por intermédio da cooperação da Graça e por meio da recordação, expulsamos os demônios, e não nos afundamos no desespero aceitando suas sugestões despudoradas, ou os expulsamos de nossa mente quando lhe damos guarida por conta da nossa própria vaidade. Pelo contrário, quando nosso intelecto é exaltado, refugiemo-nos na humildade; e quando nossos inimigos nos humilharem diante de Deus, nos seguremos na esperança. Por esta via você até seu último suspiro nunca se tornará confuso ou quedará, ou, através do medo, sucumbirá ao desespero.
Este é, de acordo com o Gerontikon, o grande trabalho do monge. Quando seus inimigos lhe sugerem uma coisa, ele apresenta outra, quando apresentam esta outra coisa, ele retorna à primeira novamente, sabendo que nada nesta vida é isento de mudança, e que "aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mateus 10:22). Mas a pessoa que quer que as coisas aconteçam como ele mesmo quer, não sabe para onde está indo, como um cego jogado de cá para lá pelo vento, ele é totalmente dominado pelo que ocorrer a ele. Como um escravo ele teme o que lhe causa aflição, e é feito cativo de sua própria vaidade; em sua alegria insana ele pensa que possui coisas nunca vistas cuja origem ele ignora totalmente - e se ele não reconhece sua ignorância, ai sim ele é ainda mais cego. Isto ocorre porque ele não se autocensura. Tal falta de autocrítica é um tipo de autossatisfação e conduz imperceptivelmente à autodestruição, como diz São Macário em seu discurso sobre o monge que viu a Jerusalém celeste: quando este monge estava rezando com algum de seus irmãos, seu intelecto foi arrebatado em êxtase, mas ele pereceu porque creu ter alcançado isso por seus próprios esforços, e não reconheceu que por esta dádiva ele havia se tornado o maior dos devedores. Como aqueles dominados pelas paixões não percebem o óbvio pelo ofuscamento produzido por suas paixões, o homem desapegado, por outro lado, por conta da pureza de seu intelecto, sabe coisas das quais o resto dos homens é ignorante.
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Também de São Pedro de Damasco
págs. 172 e 173.
Os dons universais e particulares de Deus
Devemos em tudo dar Graças a Deus pois Ele nos concedeu tanto os dons universais quanto os particulares da alma e do corpo. Os dons universais consistem dos quatro elementos e tudo o que existe por meio deles, como também os trabalhos maravilhosos de Deus mencionados nas Sagradas Escrituras. Os dons particulares consistem de tudo o que Deus deu a cada indivíduo. Estes incluem a riqueza, que nos permite realizar atos de caridade; a pobreza, que nos ensina a paciência e a gratidão; a autoridade que pode exercer o julgamento correto e estabelecer a virtude; a obediência e o serviço que podem mais literalmente obter a salvação da alma; a saúde que pode assistir àqueles em necessidade e empreender obras dignas a Deus; a doença, que nos dá a coroa da paciência; o conhecimento espiritual e o vigor, que nos permitem adquirir a virtude; a fraqueza e a ignorância, de modo que, voltando as costas para as coisas do mundo, possamos nos colocar sob obediência em silêncio e humildade; a perda espontânea de bens e posses, para que se possa deliberadamente buscar ser salvo e estar à mercê da solidariedade alheia quando incapaz de dar esmolas por estar sem posses; facilidade e prosperidade, para que se possa lutar voluntariamente e sofrer a fim de se atingir as virtudes e tornar-se por fim sem apegos e apto a salvar outras almas; obstáculos e dificuldades, para que aqueles que não conseguem se livrar de sua própria vontade sejam salvos a despeito de si mesmos, e aqueles capazes de suportar dificuldades com alegria atinjam a perfeição. Todas estas coisas, mesmo que opostas umas às outras, são todas boas se usadas corretamente; mas se mal usadas, elas não são boas, mas são prejudiciais tanto ao corpo quanto à alma.
Melhor que tudo, porém, é sofrer pacientemente suas aflições; e aquele que foi encontrado digno deste grande dom deve dar Graças a Deus porque ele foi o de todos, o mais abençoado. Pois ele se tornou um imitador de Cristo, de Seus santos apóstolos, e dos mártires e santos: ele recebeu de Deus grande vigor e conhecimento espiritual, de modo que ele possa voluntariamente abster-se do prazer e possa literalmente abraçar as dificuldades através da erradicação de sua própria vontade e sua rejeição de pensamentos não santos, e possa assim sempre fazer e pensar de acordo com a vontade de Deus. Aqueles que se encontram dignos de usar as coisas como devem ser usadas devem com toda a humildade dar sinceras Graças a Deus, pois por Sua Graça eles foram libertos de tudo o que é contrário à Natureza e da transgressão aos mandamentos. Nós, porém, que estamos ainda sujeitos às paixões e que ainda fazemos mau uso das coisas, e que agimos de maneira contrária à Natureza, devemos temer e com toda gratidão dar sinceras graças a nosso Benfeitor, admirados de sua paciência indizível, ainda que desobedeçamos aos seus mandamentos, fazendo mau uso de Sua criação e rejeitando Seus dons, Ele suporta nossa ingratidão e não cessa de conferir Suas benção a nós, esperando até nosso último suspiro por nossa conversão e arrependimento.
Deste modo, devemos dar Graças a Ele, como foi dito: "Em tudo, dai graças" (1 Tessalonicenses 5;18), isto é, seja consciente de Deus o tempo todo, em todos os lugares, em todas as circunstâncias. Pois não importa o que você faça, mantenha sua mente no Criador de todas as coisas. Quando você vir a luz, não se esqueça de dar-Lhe graças; quando você vir o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, maravilhe-se por estas coisas e glorifique ao seu Criador; quando você se vestir, reconheça todas estas dádivas e louve-O pela Divina Providência que permite a sua própria vida. Em suam, se tudo o que realizas se torna uma ocasião para Glorificar a Deus, você estará rezando sem cessar. E neste sentido sua alma sempre se regozijará, como recomenda São Paulo (cf. 1 Tessalonicenses 5:16). Assim, como explica São Doroteu, a rememoração de Deus alegra a alma; e ele invoca Davi como testemunha: "Lembrei-me de Deus e me regozijei" (cf. Salmo 77:3/ Bíblia dos Setenta).
São Pedro de Damasco
Da mesma versão da Filocalia, das postagens anteriores.
Págs. 170 e 171
É sempre possível fazer um novo começo por meio do arrependimento. "Você caiu", está escrito, "agora levante" (Provérbios 24:16). Se caiu novamente, levante-se novamente, sem desesperar-se de sua salvação, não importa o que aconteça. Contanto que você não se entregue voluntariamente ao inimigo, sua paciência, combinada com auto-reprovação permanecerão e serão suficientes para a sua salvação. "Pois, uma vez que nós mesmos nos desgarramos em nossa tolice e desobediência", diz São Paulo, "ainda assim Ele nos salvou, não por conta de qualquer coisa boa que tenhamos feito, mas por Sua Misericórdia" (Tito 3, 3-5). Assim basta não desesperar em qualquer sentido, nem ignorar a ajuda de Deus, pois Ele pode fazer qualquer coisa que Ele deseje. Pelo contrário, coloque sua esperança nEle e Ele fará uma destas coisas: ou por meio de provações e tentações, ou por algum outro meio que apenas Ele conhece, Ele nos trará a restauração; ou ainda Ele aceitará a sua paciência e humildade em lugar de obras; ou por conta de sua esperança Ele agirá amavelmente para com você por algum caminho que ainda lhe é desconhecido mas que salvará sua alma agrilhoada. Apenas não abandone seu Médico, pois de outro modo você sofrerá disparatadamente uma morte dupla por não ter confiado nos desígnios ocultos de Deus.
O que foi dito em relação ao conhecimento espiritual também se aplica à prática ascética. Toda ação da alma é envolvida por seis embustes: de um lado a outro há excesso e carência de empenho; de cima a baixo auto exaltação e desespero; de perto e distante há tanto covardia como super ousadia as quais, como diz São Gregório, o Teólogo, é bem diferente da coragem, ainda que os termos pareçam similares. No ponto médio destas armadilhas há a ação acompanhada de justa medida e com paciência e humildade.
É notável como o intelecto humano vê coisas diferentemente de acordo com sua própria luz, mesmo quando tais coisas são inalteráveis e nelas mesmas permanecem o que são. Por conta disso não agimos da mesma maneira com relação a elas, mas as usamos de acordo com nossos desejos, sendo estes bons ou maus. Usamos coisas sensíveis em nossa atividade prática, e as coisas inteligíveis em nossos pensamentos e discussões.
Parece-me que há quatro modos de ver os homens e que estes correspondem aos quatro estágios de que fala São Gregório, o Teólogo. Alguns, como os santos e os desapegados, florescem tanto neste mundo quanto no vindouro. Outros, como o jovem rico do Evangelho (cf. Mateus 19:22) prosperam apenas neste mundo, estes, ainda que sejam abençoados de corpo e alma, são indignos dela, já que agem sem gratidão para com seu Benfeitor. Outros, como o paralítico (cf. Mateus 9:2) que são sujeitos a prolongados sofrimentos e abraçam aflições alegremente, estão punidos apenas neste mundo. Outros, finalmente, como os tentados como Judas por seus próprios desejos egoístas, são punidos tanto neste mundo quanto no que virá.
Ademais, os homens possuem quatro diferentes atitudes para com as realidades sensíveis. Alguns, como os demônios, odeiam as obras de Deus, e cometem o mal deliberadamente. Outros, como os animais irracionais, amam tais obras por serem atrativas, mas seu amor é cheio de paixão e eles não fazem nenhum esforço para adquirir a contemplação natural ou para mostrar gratidão. Outros, de maneira benéfica, amam as obras de Deus de maneira natural, com conhecimento espiritual e gratidão, e fazem uso delas com autocontrole. Finalmente, outros, como os anjos, amam tais obras de uma maneira que está acima e para além da natureza, contemplando todas as coisas para a Glória de Deus e fazendo uso delas apenas na medida em que são necessárias para a vida, como coloca São Paulo (cf. 1 Timóteo 6:8).
Também de São Pedro de Damasco
tradução da versão inglesa. Páginas 167 a 170
Silêncio e afastamento dos homens e dos negócios humanos são beneficiais a todos, mas especialmente àqueles que são fracos e sujeitos às paixões. Pois o intelecto não pode chegar ao desapego apenas por meio da prática ascética; tal prática deve ser seguida pela contemplação espiritual. Nem ninguém vai escapar ileso da distração ou exercerá autoridade sobre os demais a menos que ele tenha adquirido o desapego por meio do afastamento. Os cuidados e confusões desta vida são suscetíveis de prejudicar até mesmo os perfeitos e desapegados. O esforço humano é sem proveito, diz São João Crisóstomo, sem ajuda vinda de cima; mas ninguém vai receber tal ajuda a menos que ele mesmo escolha fazer tal esforço. Necessitamos sempre de ambas as coisas; temos necessidade do humano e do divino, da prática ascética e do conhecimento espiritual, do medo e da esperança, da tristeza interior e do consolo, do temor e da humildade, de discernimento e de amor. Pois, conforme ele diz, todas as coisas na vida são dúplices: dia e noite, luz e trevas, saúde e doença, virtude e vício, facilidade e adversidade, vida e morte. Através da ajuda do alto, nós, em nossa fraqueza, viemos adorar a Deus, enquanto que por nosso próprio esforço fugimos do pecado porque temos medo do julgamento. Mas se somos fortes nós podemos amar a Deus como nosso Pai em todas as coisas, sabendo que todas as coisas são "muito boas e belas" (Gênesis 1:31) e que Deus os criou para nosso benefício. Nós vamos coibir-nos de prazeres e abraçarmos a adversidade, sabendo que através de tal autocontenção nossos corpos estarão imbuídos de vida para a Glória do Criador, enquanto que através da adversidade nossas almas serão auxiliadas para a salvação pela misericórdia inefável de Deus.
Os homens são de três tipos: ou escravos, ou serviçais ou filhos. Escravos não amam o bem, mas se coíbem do mal em temor à punição; isto é observado por São Doroteu (Instrução IV; 47-48) como uma coisa boa, mas não totalmente de acordo com a vontade de Deus. Serviçais amam o que é bom e odeiam o que é mau sem esperança de recompensa. Mas os filhos, sendo perfeitos, coíbem-se do mal, não por medo de punição, mas porque odeiam o mal violentamente; e eles fazem o que é bom, não pela esperança de recompensa, mas por consideraram este o seu dever. Eles amam o desapego porque isso imita a Deus e O conduz a habitar neles; por conta disso eles se abstém de todo mal, mesmo que nenhuma punição os ameace. Pois a menos que sejamos desapegados, Deus em Sua Santidade não nos enviará Seu Santo Espírito sobre nós, para que o Templo Santo de Deus, nosso corpo, não seja violado por conta do hábito de ser ainda atraído pelas paixões e assim ainda incorrer em maior condenação. Mas quando estamos firmados na virtude, e já não somos amigáveis com os demônios, nem incitados por nossos hábitos apaixonados, recebemos a Graça e não somos passíveis de condenação ao recebê-la. É por esta razão, de acordo com São João Clímaco (Escada, degrau 26) que Deus não revela Sua vontade para nós com receio de que, após apreendida, nós O desobedeçamos e incorramos em maior condenação, decaindo como crianças incapazes de reconhecer nossa ingratidão para com Sua misericórdia sem limites para conosco. Pois, se queremos aprender a vontade divina, ele diz, devemos morrer para o mundo inteiro e para todo desejo nosso.
Nós não devemos fazer qualquer coisa sobre a qual sentimos a mínima hesitação, nem devemos considerar qualquer coisa boa a menos que não possamos viver ou ser salvas sem ela. Esta é a razão que devemos sempre perguntar aos homens experientes. Neste sentido, através da firme oração e da firme fé nós recebemos uma garantia, até que chegue o momento em que atinjamos o perfeito desapego que faz nosso intelecto invulnerável e invencível em qualquer boa atividade. Assim, a batalha é grande, mas permanecemos ilesos. "O Meu poder vem em plenitude em sua fraqueza", diz o Senhor a São Paulo, e São Paulo acrescenta: "Quando sou fraco, aí é que sou forte" (2 Cor. 12: 9-10). Não é bom estar livre da luta. Pois os demônios recuam por várias razões, como explica São João Clímaco (Escada, degrau 15): "pode ser para fazer uma emboscada, enchendo-nos de presunção; deixando-nos com a auto-exaltação ou qualquer outro mal, contentando-nos com isso e enchendo-nos novamente de outras paixões".
Os padres, diz o Gerontikon, guardam os mandamentos; seus sucessores escreveram isso; mas nós colocamos seus livros nas prateleiras. E se quisermos lê-los, não teremos aplicação para entender o que é dito e ainda colocar em prática; nós os lemos ou como uma coisa incidental, ou porque julgamos que ao lê-los estaremos fazendo algo grande, enquanto só estamos crescendo no orgulho. Não nos damos conta de que incorremos em grande condenação se não colocamos em prática aquilo que lemos, como diz São João Crisóstomo. E devemos nos lembrar o que o Senhor diz acerca do servo que sabia da vontade de seu senhor, mas falhou em realizá-la. (Cf. Lucas 12:47).
Destarte, leitura e conhecimento espiritual são bons, mas apenas quando eles conduzem a uma grande humildade; e pedir conselho é bom, desde que não estejamos movidos pela curiosidade em conhecer a vida de nosso mestre. Como diz São Gregório, o teólogo: "Não questione a autoridade de quem o instrui ou de quem ora por ti" (Oração 19,10). O próprio senhor nos ordenou a seguir os conselhos e preceitos que os padres nos dão (Cf. Mateus 23:3). Pois as ações daqueles a quem pedimos conselhos não nos prejudicam; nem, por outro lado, seus conselhos terão alguma serventia se não os pusermos em prática. Cada um terá de dar conta de si mesmo; o professor por seus ensinamentos; o discípulo por sua obediência em fazer o que lhe é dito. Tudo o que se afasta disso é contrário à natureza e merece condenação. Como disse Santo Evstratios: "Deus é bom e justo, e em Sua bondade nos concede todo tipo de coisa boa, de modo que temos de ser gratos, reconhecendo por nossa ação de graças o bem recebido. Mas se somos ingratos, somos condenados pelo justo julgamento de Deus" (Apophthegmata, Sisois 38). Assim tanto a bondade quanto a justiça de Deus nos fornecem todo tipo de coisa boa; se fazemos mal uso de Seus dons, eles vão nos conduzir ao castigo vindouro.