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Devemos sempre empreender o que foi dito no início deste trabalho em reconhecimento às sete formas de disciplina moral e corporal, não realizando nem mais nem menos do que lá foi recomendado. Exceções podem ser feitas se uma pessoa é jovem demais para se engajar na guerra corporal, ou se ela possui excessivo vigor físico o que requereria sete graus de disciplina correspondentes. Novamente, exceções podem ser feitas em caso de fragilidade corporal: aqui um certo descanso pode ser permitido, mas não uma suspensão total da disciplina, pois de acordo com Santo Isaac, isso pode prejudicar até o desapegado. O descanso não pode ser mais do que é necessário como um remédio para a doença, para que assim a alma não o use como uma desculpa para afrouxar seus próprios esforços. Isto ocorre fatalmente quando uma pessoa quer desesperadamente algum tipo de descanso. Este descanso, dizem os padres, pode ser perigoso para os jovens e saudáveis.
Os santos pais São Basílio e São Máximo estabelecem que, para matar a fome e a sede, apenas pão e água são necessários, enquanto que para o vigor físico e a saúde, nós temos necessidade de outros alimentos que Deus em Sua compaixão nos entregou. Mas assim como comer sempre a mesma coisa ocasiona um sentimento de repulsa na pessoa doente, devemos nos alimentar de diferentes alimentos, um a cada vez, conforme foi dito por eles. A abstenção nos traz doença, enquanto que o autocontrole e a variação na alimentação a cada dia pode nos conduzir à saúde. O corpo então permanecerá impenetrável ao prazer e à doença, e coopera na aquisição das virtudes.
Como foi dito, tudo isso é necessário àqueles que estão engajados na luta pela purificação. Aqueles que obtiveram o estado de desapego conseguem ficar dias a fio sem comer, já que se tornaram como crianças em sua devoção a Cristo e esqueceram seus corpos. São Sisois foi tal tipo de pessoa: em seus êxtases de amor por Deus ele pediu para tomar comunhão após ter comido. Como disse São Paulo para nosso próprio bem "se enlouquecemos em êxtase é para Deus; se nos retraímos e recuperamos o juízo, é para nossa salvação" (2 Cor 5:13). Entre outros, São Basílio, o Grande, também falou destas coisas. Certas pessoas neste estado, após ter comido bastante, não estão conscientes disso: é como se não tivessem comido nada. Pois seus intelectos não estão nos corpos de modo que não possuem consciência nem das facilidades do corpo, nem de suas dificuldades.
Isso é claro para muitos dos pais e santos mártires, bem como do santo descrito por Evágrio. Um certo ancião que vivia no deserto, ele nos conta, costumava rezar noeticamente; e aconteceu -tanto para seu benefício, quanto para muitos outros- que Deus permitiu aos demônios prendê-lo pés e mãos e arremessá-lo de um lugar alto, que ele não seria prejudicado pela queda em tal altura. Eles fizeram isso por algum tempo, testando para ver se seu intelecto desceria dos céus, mas eles não foram capazes de continuar. Quando este homem estaria consciente da necessidade de comida e água ou de qualquer necessidade física? Ou ainda, tomemos o caso de São Efrém: após ter vencido todas as paixões da alma e corpo pela Graça de Cristo, ele pediu em sua imensa humildade que o dom do desapego lhe fosse retirado para que ele não caísse na ociosidade e fosse condenado, pois com o desapego ele não precisaria mais lutar contra o inimigo. São João Clímaco estava surpreso com isso e escreveu que houve alguns, como São Efrem, que eram mais desapegados que aqueles que obtiveram o estado de desapego.
Esse blog pretende divulgar traduções de textos em grego, francês, inglês e espanhol, com o intuito de divulgar o pensamento bizantino. Pretende-se com isso ajudar os estudantes de filosofia e teologia a saber diferenciar as nuances do cristianismo oriental, bem como a orientar a todos os que anseiam por espiritualidade profunda a conhecer as obras dos Padres da Filocalia. Antes de rejeitar o cristianismo, é preciso conhecê-lo. Impossível rejeitá-lo, depois disso.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
sábado, 13 de julho de 2013
Desapego
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Desapego
Com certeza isso é sinal de desapego: permanecer calmo e sem medo em todas as coisas por ter recebido pela Graça de Deus a força para fazer qualquer coisa, como Paulo coloca (cf. Filipenses 4:13). Tal pessoa é totalmente desinteressada em sua vida material, mas se exercita em labores ascéticos à medida em que pode, para disso atingir um estado de repouso. Cheio de gratidão, ele se exercita ainda mais forçadamente, encontrando-se a si mesmo sempre engajado na batalha e triunfando com a ajuda da humildade. É por este meio que uma pessoa avança; pois, como diz Santo Isaac, coisas realizadas sem contundência não são obras mas dons de Deus. Se alguém encontrasse repouso após seus próprios esforços, seria o prêmio da derrota e não um motivo de glória. Não é aquele que recebe recompensa que deve ser louvado, mas aquele que se exercita forçadamente em seus labores e que nada recebe.
O que podemos dizer? Quanto mais agimos, mais damos graças ao nosso Benfeitor, mais somos Seus devedores; pois Ele é sem necessidade e desejo, enquanto sem Ele somos incapazes de fazer qualquer coisa boa (cf. João 15:5). A pessoa que se encontrou digna de louvar a Deus lucra mais do que Ele, pois recebeu um grande e maravilhoso dom de Graça. Quanto mais louva o Senhor, mais torna-se Seu devedor, até que finalmente não há mais limite ou interrupção para este conhecimento de Deus ou para dar graças ou para a humildade, ou para o amor. Pois estas coisas não são deste mundo - o que significaria terem um fim - mas pertencem ao mundo eterno que não tem um fim e no qual, pelo contrário, é possível crescimento de conhecimento e dos dons da graça. Aquele que é em pensamento e prática digno daquele mundo é liberto de todas as paixões.
A fim de alcançar tudo isso, devemos focar nossa atenção em Deus, não ter interesse neste mundo, e não se desanimar com as provações e tentações. Começando deste mundo, devemos continuamente avançar, ascendendo ao mais alto nível ou realidade. Nós não devemos ser distraídos por qualquer coisa: nem por sonhos, se maus ou aparentemente bons, nem pelo pensamento de qualquer coisa, se bom ou mau, nem pelo engano ou aflição, nem pelo sentimento de abandono ou com força e ajuda ilusória, nem pela negligência ou progresso, nem pela preguiça ou zelo aparente, nem por aparente desapego ou união apaixonada. É preferível que pela humildade nos esforcemos em manter um estado de silêncio, livre de toda distração, sabendo que ninguém pode nos prejudicar a menos que nós desejemos isto.
Por causa de nossa vaidade e fracasso constantes temos de recorrer a Deus, devemos nos lançar diante DEle, pedindo que Sua vontade seja feita em todas as coisas e dizendo a cada pensamento que vem: eu não sei quem é você; Deus sabe se é bom ou não; eu me lancei nas mãos DEle e continuarei a fazê-lo, e Ele vai cuidar de mim (cf. 1 Pedro 5:7). Pois como Ele me criou do que não era, assim também com Seu poder vai salvar-me por Sua Graça se Ele assim escolher. A santidade assim será assegurada neste mundo e no próximo, como e quando Ele desejar. Eu não tenho vontade própria. Eu apenas sei uma coisa: a despeito de ter pecado grandemente, eu recebi grande benção; e eu nem sequer agradeci a Deus por sua bondade por meio de minhas ações e pensamentos, na medida em que isso me foi possível. Ainda assim, ele deseja salvar a todos os homens, incluindo a mim, como Ele deseja! Como posso saber, sendo apenas um homem, se Ele me quer para isto ou aquilo? Assim, por medo de pecar, eu fugi para a quietude; e por conta de meu pecado e fraqueza eu fio sentado fazendo nada em minha cela, como um prisioneiro, esperando o comando do Senhor.
No entanto, mesmo que percebamos que não estamos fazendo nada e que tudo está perdido, não vamos ter medo; pois se não deixamos nossas celas, nós aprenderemos a contrição da alma e derramaremos lágrimas sinceras. Mas novamente, é preciso que ansiemos realizar trabalhos espirituais e que nos sejam concedidas tais lágrimas,não para nos alegrarmos quanto a isso mas para nos colocarmos em guarda contra a fraude e nos prepararmos para a guerra.
Em suma, devemos nos desligar de todas as coisas, se boas ou más, para que nada nos perturbe e nós alcancemos um estado de quietude, lutando o tanto que pudermos, e se tivermos um conselheiro, fazendo o que nos foi dito fazer. Se não termos este superior conselheiro, nós devemos tomar Cristo como o nosso, perguntando-Lhe com humildade e com lágrimas sinceras advindas da pura oração sobre qualquer pensamento e empreendimento. Não nos deixemos presumir acreditando sermos monges bem testados até que tenhamos encontrado Cristo no mundo, como o Aba Agathon e São João Clímaco nos contam. Se nosso único propósito é fazer a vontade de Deus, Deus Próprio nos ensinará o que fazer, assegurando-nos diretamente, através do intelecto, ou através de alguma pessoa ou da Escritura. E se por amor a Deus amputamos nossa própria vontade, Deus nos capacitará em alcançar, com alegria inexprimível, uma perfeição que nunca havíamos conhecido; e quando sentirmos isso seremos repletos de admiração e veremos a alegria e o conhecimento espiritual começarem a brotar de todos os lados. Iremos tirar proveito de tudo e Deus reinará em nós, já que não teremos vontade própria, teremos nos submetido à santa vontade de Deus. Nós nos tornaremos como reis, assim que o que quer que desejemos nós receberemos sem esforço e demora de Deus, que nos tem sob seus cuidados.
Esta é a fé com a qual o Senhor disse ser possível mover montanhas (cf. Matteus 21:21); sobre isso, de acordo com São Paulo (cf. Colossenses 1:23), as outras virtudes estão fundadas. Por esta razão, o inimigo faz tudo o que pode para romper nosso estado de quietude e para nos fazer cair em tentação. E se nos encontramos de algum modo fracos na fé, confiando totalmente ou parcialmente em nossa força e juízo, ele toma vantagem disso e nos vence, fazendo-nos cativos, deploráveis que somos. Uma vez que tenhamos de fato compreendido isso verdadeiramente, seremos capazes de abandonar os delírios e comodidades deste mundo, e nos libertaremos tanto quanto possível das preocupações e ansiedades. Nós faremos isto isto também através da obediência, colocando nosso pai espiritual no lugar de Cristo, e referindo toda ideia, pensamento e ação a ele, de modo que não tenhamos nada que possamos chamar de nosso; ou seguindo o caminho do silêncio na fé resoluta, fugindo de todas as coisas.
Então, por nós, Cristo toma o lugar de todas as coisas e torna-se todas as coisas para nós, neste mundo e no que virá, como dizem São João Crisóstomo e São João de Damascos. Cristo nos alimenta, nos veste, nos traz alegria, nos encoraja, nos faz felizes, noa dá repouso, nos instrui e ilumina. Em suma, Cristo cuida de nós como Ele cuidou de seus discípulos; e mesmo que não tenhamos o trabalho que tiveram, se tivermos firmeza na fé, seremos libertos do auto-interesse que dominam as outras pessoas. Como os apóstolos em seu medo dos judeus, nós nos sentamos em nossa cela temendo o espírito do mal, e aguardamos nosso Mestre. Nós o aguardamos através da contemplação em pleno sentido, ou através do conhecimento espiritual de Suas criaturas, nós podemos ser auxiliados a nos elevar noeticamente das paixões pela paz que nos é dada, como aconteceu de acordo com São Máximo aos apóstolos quando estavam com as portas cerradas. (Cf. João 20:19).
Desapego
Com certeza isso é sinal de desapego: permanecer calmo e sem medo em todas as coisas por ter recebido pela Graça de Deus a força para fazer qualquer coisa, como Paulo coloca (cf. Filipenses 4:13). Tal pessoa é totalmente desinteressada em sua vida material, mas se exercita em labores ascéticos à medida em que pode, para disso atingir um estado de repouso. Cheio de gratidão, ele se exercita ainda mais forçadamente, encontrando-se a si mesmo sempre engajado na batalha e triunfando com a ajuda da humildade. É por este meio que uma pessoa avança; pois, como diz Santo Isaac, coisas realizadas sem contundência não são obras mas dons de Deus. Se alguém encontrasse repouso após seus próprios esforços, seria o prêmio da derrota e não um motivo de glória. Não é aquele que recebe recompensa que deve ser louvado, mas aquele que se exercita forçadamente em seus labores e que nada recebe.
O que podemos dizer? Quanto mais agimos, mais damos graças ao nosso Benfeitor, mais somos Seus devedores; pois Ele é sem necessidade e desejo, enquanto sem Ele somos incapazes de fazer qualquer coisa boa (cf. João 15:5). A pessoa que se encontrou digna de louvar a Deus lucra mais do que Ele, pois recebeu um grande e maravilhoso dom de Graça. Quanto mais louva o Senhor, mais torna-se Seu devedor, até que finalmente não há mais limite ou interrupção para este conhecimento de Deus ou para dar graças ou para a humildade, ou para o amor. Pois estas coisas não são deste mundo - o que significaria terem um fim - mas pertencem ao mundo eterno que não tem um fim e no qual, pelo contrário, é possível crescimento de conhecimento e dos dons da graça. Aquele que é em pensamento e prática digno daquele mundo é liberto de todas as paixões.
A fim de alcançar tudo isso, devemos focar nossa atenção em Deus, não ter interesse neste mundo, e não se desanimar com as provações e tentações. Começando deste mundo, devemos continuamente avançar, ascendendo ao mais alto nível ou realidade. Nós não devemos ser distraídos por qualquer coisa: nem por sonhos, se maus ou aparentemente bons, nem pelo pensamento de qualquer coisa, se bom ou mau, nem pelo engano ou aflição, nem pelo sentimento de abandono ou com força e ajuda ilusória, nem pela negligência ou progresso, nem pela preguiça ou zelo aparente, nem por aparente desapego ou união apaixonada. É preferível que pela humildade nos esforcemos em manter um estado de silêncio, livre de toda distração, sabendo que ninguém pode nos prejudicar a menos que nós desejemos isto.
Por causa de nossa vaidade e fracasso constantes temos de recorrer a Deus, devemos nos lançar diante DEle, pedindo que Sua vontade seja feita em todas as coisas e dizendo a cada pensamento que vem: eu não sei quem é você; Deus sabe se é bom ou não; eu me lancei nas mãos DEle e continuarei a fazê-lo, e Ele vai cuidar de mim (cf. 1 Pedro 5:7). Pois como Ele me criou do que não era, assim também com Seu poder vai salvar-me por Sua Graça se Ele assim escolher. A santidade assim será assegurada neste mundo e no próximo, como e quando Ele desejar. Eu não tenho vontade própria. Eu apenas sei uma coisa: a despeito de ter pecado grandemente, eu recebi grande benção; e eu nem sequer agradeci a Deus por sua bondade por meio de minhas ações e pensamentos, na medida em que isso me foi possível. Ainda assim, ele deseja salvar a todos os homens, incluindo a mim, como Ele deseja! Como posso saber, sendo apenas um homem, se Ele me quer para isto ou aquilo? Assim, por medo de pecar, eu fugi para a quietude; e por conta de meu pecado e fraqueza eu fio sentado fazendo nada em minha cela, como um prisioneiro, esperando o comando do Senhor.
No entanto, mesmo que percebamos que não estamos fazendo nada e que tudo está perdido, não vamos ter medo; pois se não deixamos nossas celas, nós aprenderemos a contrição da alma e derramaremos lágrimas sinceras. Mas novamente, é preciso que ansiemos realizar trabalhos espirituais e que nos sejam concedidas tais lágrimas,não para nos alegrarmos quanto a isso mas para nos colocarmos em guarda contra a fraude e nos prepararmos para a guerra.
Em suma, devemos nos desligar de todas as coisas, se boas ou más, para que nada nos perturbe e nós alcancemos um estado de quietude, lutando o tanto que pudermos, e se tivermos um conselheiro, fazendo o que nos foi dito fazer. Se não termos este superior conselheiro, nós devemos tomar Cristo como o nosso, perguntando-Lhe com humildade e com lágrimas sinceras advindas da pura oração sobre qualquer pensamento e empreendimento. Não nos deixemos presumir acreditando sermos monges bem testados até que tenhamos encontrado Cristo no mundo, como o Aba Agathon e São João Clímaco nos contam. Se nosso único propósito é fazer a vontade de Deus, Deus Próprio nos ensinará o que fazer, assegurando-nos diretamente, através do intelecto, ou através de alguma pessoa ou da Escritura. E se por amor a Deus amputamos nossa própria vontade, Deus nos capacitará em alcançar, com alegria inexprimível, uma perfeição que nunca havíamos conhecido; e quando sentirmos isso seremos repletos de admiração e veremos a alegria e o conhecimento espiritual começarem a brotar de todos os lados. Iremos tirar proveito de tudo e Deus reinará em nós, já que não teremos vontade própria, teremos nos submetido à santa vontade de Deus. Nós nos tornaremos como reis, assim que o que quer que desejemos nós receberemos sem esforço e demora de Deus, que nos tem sob seus cuidados.
Esta é a fé com a qual o Senhor disse ser possível mover montanhas (cf. Matteus 21:21); sobre isso, de acordo com São Paulo (cf. Colossenses 1:23), as outras virtudes estão fundadas. Por esta razão, o inimigo faz tudo o que pode para romper nosso estado de quietude e para nos fazer cair em tentação. E se nos encontramos de algum modo fracos na fé, confiando totalmente ou parcialmente em nossa força e juízo, ele toma vantagem disso e nos vence, fazendo-nos cativos, deploráveis que somos. Uma vez que tenhamos de fato compreendido isso verdadeiramente, seremos capazes de abandonar os delírios e comodidades deste mundo, e nos libertaremos tanto quanto possível das preocupações e ansiedades. Nós faremos isto isto também através da obediência, colocando nosso pai espiritual no lugar de Cristo, e referindo toda ideia, pensamento e ação a ele, de modo que não tenhamos nada que possamos chamar de nosso; ou seguindo o caminho do silêncio na fé resoluta, fugindo de todas as coisas.
Então, por nós, Cristo toma o lugar de todas as coisas e torna-se todas as coisas para nós, neste mundo e no que virá, como dizem São João Crisóstomo e São João de Damascos. Cristo nos alimenta, nos veste, nos traz alegria, nos encoraja, nos faz felizes, noa dá repouso, nos instrui e ilumina. Em suma, Cristo cuida de nós como Ele cuidou de seus discípulos; e mesmo que não tenhamos o trabalho que tiveram, se tivermos firmeza na fé, seremos libertos do auto-interesse que dominam as outras pessoas. Como os apóstolos em seu medo dos judeus, nós nos sentamos em nossa cela temendo o espírito do mal, e aguardamos nosso Mestre. Nós o aguardamos através da contemplação em pleno sentido, ou através do conhecimento espiritual de Suas criaturas, nós podemos ser auxiliados a nos elevar noeticamente das paixões pela paz que nos é dada, como aconteceu de acordo com São Máximo aos apóstolos quando estavam com as portas cerradas. (Cf. João 20:19).
Humildade
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Humildade
São os seguintes sinais da humildade: quando possuindo toda virtude de corpo e alma, considera-se o maior devedor a Deus porque, embora indigno, recebeu tanto pela graça; quando julgado ou tentado pelos demônios ou pelos homens, reconhece ser merecedor de tais coisas - e muito mais - de modo que com isso uma pequena parte de sua dívida seja retirada e se consiga alguma mitigação do castigo esperado no dia do juízo; quando não sofre qualquer provação sente-se extremamente perturbado e aflito, e procura algum modo de se exercitar mais forçadamente; ao conseguir isto, novamente ele reconhece ser isto um dom de Deus para assim se humilhar ainda mais; e, não descobrindo qualquer coisa que se possa dar a Deus em retorno, continua a trabalhar e a se considerar de todos o maior dos devedores.
Humildade
São os seguintes sinais da humildade: quando possuindo toda virtude de corpo e alma, considera-se o maior devedor a Deus porque, embora indigno, recebeu tanto pela graça; quando julgado ou tentado pelos demônios ou pelos homens, reconhece ser merecedor de tais coisas - e muito mais - de modo que com isso uma pequena parte de sua dívida seja retirada e se consiga alguma mitigação do castigo esperado no dia do juízo; quando não sofre qualquer provação sente-se extremamente perturbado e aflito, e procura algum modo de se exercitar mais forçadamente; ao conseguir isto, novamente ele reconhece ser isto um dom de Deus para assim se humilhar ainda mais; e, não descobrindo qualquer coisa que se possa dar a Deus em retorno, continua a trabalhar e a se considerar de todos o maior dos devedores.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
A classificação da oração de acordo com os oito estágios da contemplação
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A classificação da oração de acordo com os oito estágios da contemplação

Quando os primeiro quatro dos oito estágios da contemplação estão em causa, devemos considerar as orações cotidianas escritas tradicionais; quando se interessa nos quatro últimos, como São Filimon, deve-se continuamente ter nos lábios as palavras "Senhor, tende piedade", mantendo o intelecto completamente livre dos pensamentos. Aqueles que avançaram no caminho espiritual devem dirigir seu intelecto para as realidades, e para a cognição das realidades inteligíveis que são sem forma; para o significado de algumas passagens das Escrituras e para a pura oração. No nível corporal eles devem se engajar por vezes na leitura, na oração, por vezes derramando lágrimas sobre seu próprio estado ou, por inspiração divina no serviço aos outros; ou eles devem realizar alguma tarefa para ajudar alguém enfermo mentalmente ou espiritualmente.
Assim, em todos os tempos se cumprirá o serviço dos anjos, nunca se interessando em si mesmos nas coisas deste mundo. Pois Deus, que os escolheu, que os separou para serem Seus companheiros, e que lhes permitiu este modo de vida e esta liberdade da angústia, cuidará Ele mesmo deles e os nutrirá de corpo e alma: 'Lança teu destino sobre o Senhor, e Ele te sustentará' (Salmo 55:22). Quanto mais se coloca sua esperança no Senhor com relação a tudo quanto se interessa, se de corpo ou alma, mais se saberá que Deus os proverá. Ao final, se reconhecerá a si mesmo como a menor de todas as criaturas por causa dos muitos dons de Deus, visíveis e invisíveis, outorgados no corpo e na alma. Quanto mais cresce a consciência dos débitos, mais se percebe que não se pode sentir-se orgulho de absolutamente nada, e sim vergonha diante da imensa generosidade de Deus. Quanto mais se dá graças a Ele e tenta-se forçosamente exercitar-se pela salvação de Seu amor, mais Deus se aproxima deles através de Seus dons e anseia para enchê-los com a paz, fazendo-os valorizar a quietude e a pobreza mais do que qualquer reino desta terra, sem mesmo levar em conta qualquer recompensa no mundo vindouro.
Os santos mártires sofreram quando atormentados por seus inimigos, mas seu amor pelo reino e por Deus venceu a dor. Eles mesmos reconheceram a força que lhes foi dada para vencer seus inimigos como mais uma grande benção adicionada aos seus débitos. Como resultado, quando nos encontramos dignos de suportar a morte por amor a Cristo, perde-se, em muitos casos, todo sentimento de dor. No mesmo caminho os santos padres primeiro exercitaram eles mesmos em muitas formas de asceticismo, bem como na sua guerra contra os espíritos do mal; mas seu desejo e aspiração pelo estado de desapego foi triunfante.
Após estas lutas a pessoa que atinge o estado de desapego é aliviada de toda preocupação e ansiedade, porque ela venceu as paixões. Uma pessoa ainda sujeita às paixões pode também pensar que está tudo bem, mas ele o faz meramente por conta de sua cegueira. É apenas o competidor espiritual que quer vencer as paixões mas ele percebe que ele não pode fazê-lo sem sofrer tribulação e guerra. Algumas vezes Deus permite uma pessoa nessa situação ser derrotada por seus inimigos para que possa adquirir humildade. Na conta disso deve-se reconhecera própria fraqueza e fugir vigorosamente do que nos prejudica, de modo que se esqueça de hábitos antigos. Pois se alguém primeiro não foge das distrações e adquire completa quietude, nunca será desapegada com reconhecimento a qualquer coisa ou capaz de sempre discernir o certo do errado. Em suma, esta fuga total da distração é de primeira importância para todas as coisas, se não se deseja ser arrastado para trás por hábitos antigos. Mas que ninguém ao ouvir sobre a humildade, o desapego e tais outras coisas, pense em sua ignorância possuí-las. Prescrute em si mesmo os sinais destas coisas e veja se pode encontrá-las.
A classificação da oração de acordo com os oito estágios da contemplação

Quando os primeiro quatro dos oito estágios da contemplação estão em causa, devemos considerar as orações cotidianas escritas tradicionais; quando se interessa nos quatro últimos, como São Filimon, deve-se continuamente ter nos lábios as palavras "Senhor, tende piedade", mantendo o intelecto completamente livre dos pensamentos. Aqueles que avançaram no caminho espiritual devem dirigir seu intelecto para as realidades, e para a cognição das realidades inteligíveis que são sem forma; para o significado de algumas passagens das Escrituras e para a pura oração. No nível corporal eles devem se engajar por vezes na leitura, na oração, por vezes derramando lágrimas sobre seu próprio estado ou, por inspiração divina no serviço aos outros; ou eles devem realizar alguma tarefa para ajudar alguém enfermo mentalmente ou espiritualmente.
Assim, em todos os tempos se cumprirá o serviço dos anjos, nunca se interessando em si mesmos nas coisas deste mundo. Pois Deus, que os escolheu, que os separou para serem Seus companheiros, e que lhes permitiu este modo de vida e esta liberdade da angústia, cuidará Ele mesmo deles e os nutrirá de corpo e alma: 'Lança teu destino sobre o Senhor, e Ele te sustentará' (Salmo 55:22). Quanto mais se coloca sua esperança no Senhor com relação a tudo quanto se interessa, se de corpo ou alma, mais se saberá que Deus os proverá. Ao final, se reconhecerá a si mesmo como a menor de todas as criaturas por causa dos muitos dons de Deus, visíveis e invisíveis, outorgados no corpo e na alma. Quanto mais cresce a consciência dos débitos, mais se percebe que não se pode sentir-se orgulho de absolutamente nada, e sim vergonha diante da imensa generosidade de Deus. Quanto mais se dá graças a Ele e tenta-se forçosamente exercitar-se pela salvação de Seu amor, mais Deus se aproxima deles através de Seus dons e anseia para enchê-los com a paz, fazendo-os valorizar a quietude e a pobreza mais do que qualquer reino desta terra, sem mesmo levar em conta qualquer recompensa no mundo vindouro.
Os santos mártires sofreram quando atormentados por seus inimigos, mas seu amor pelo reino e por Deus venceu a dor. Eles mesmos reconheceram a força que lhes foi dada para vencer seus inimigos como mais uma grande benção adicionada aos seus débitos. Como resultado, quando nos encontramos dignos de suportar a morte por amor a Cristo, perde-se, em muitos casos, todo sentimento de dor. No mesmo caminho os santos padres primeiro exercitaram eles mesmos em muitas formas de asceticismo, bem como na sua guerra contra os espíritos do mal; mas seu desejo e aspiração pelo estado de desapego foi triunfante.
Após estas lutas a pessoa que atinge o estado de desapego é aliviada de toda preocupação e ansiedade, porque ela venceu as paixões. Uma pessoa ainda sujeita às paixões pode também pensar que está tudo bem, mas ele o faz meramente por conta de sua cegueira. É apenas o competidor espiritual que quer vencer as paixões mas ele percebe que ele não pode fazê-lo sem sofrer tribulação e guerra. Algumas vezes Deus permite uma pessoa nessa situação ser derrotada por seus inimigos para que possa adquirir humildade. Na conta disso deve-se reconhecera própria fraqueza e fugir vigorosamente do que nos prejudica, de modo que se esqueça de hábitos antigos. Pois se alguém primeiro não foge das distrações e adquire completa quietude, nunca será desapegada com reconhecimento a qualquer coisa ou capaz de sempre discernir o certo do errado. Em suma, esta fuga total da distração é de primeira importância para todas as coisas, se não se deseja ser arrastado para trás por hábitos antigos. Mas que ninguém ao ouvir sobre a humildade, o desapego e tais outras coisas, pense em sua ignorância possuí-las. Prescrute em si mesmo os sinais destas coisas e veja se pode encontrá-las.
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